IPTV: O controverso futuro da televisão

A televisão faz parte do imaginário de toda a população brasileira, está presente no país desde 1950 e foi se adaptando com os tempos. Começou em preto e branco, depois ganhou cores e mais adiante, alta definição. Os modos de transmissão também foram se alterando, existem vários jeitos de se obter sinal de TV, pelo ar, por satélites, por cabos e mais recentemente pela internet, tema do qual vamos falar nesse texto.

Com o avanço das conexões de internet, a forma de nos comunicarmos com o mundo está mudando, e com isso o perfil dos telespectadores está acompanhando essa mudança. A Netflix e os serviços on-demand nos ensinaram que não é preciso esperar o horário certo para assistir seu programa favorito, ele deve estar disponível a qualquer momento do dia. Essa relação mais interativa, que entrega o poder de decisão sobre o que assistir ao usuário, vai de encontro ao antigo modelo estabelecido, em que consumidor era um ser passivo em frente à televisão.

É um padrão que já vem trazendo consequências para as grandes operadoras de televisão, no último ano perderam mais de 500 mil assinantes. Mas não é somente pelo on demand que podemos assistir televisão pela internet, uma tecnologia vem ganhando força no mercado, a IPTV ou Internet Protocol Television. Com ela podemos ter acesso a qualquer conteúdo televisivo, incluindo programas ao vivo, sem necessidade de cabos ou antenas, tudo transmitido pela internet.

Funcionando como a integração entre o serviço de televisão padrão com a internet, a única exigência é uma conexão com velocidade suficiente para transmitir os arquivos, que chegam por pacote de dados. Inclusive com um único cabo de fibra óptica é possível transmitir o sinal de TV e de internet, basta apenas um aparelho que converte esse sinal em imagem digital e mande para a televisão ou um software que faça esse processo. Do mesmo modo da telefonia IP, só que invés de áudio são transmitidos sinais de TV.

Todo o conteúdo fica armazenado em um servidor, e o usuário através do IPTV tem acesso a ele, muito semelhante ao serviço on demand. Não é todo o tipo de conteúdo que pode ser acessado, legalmente deve-se seguir as regras impostas pelas operadoras donas dos canais, sobre o que pode ser transmitido por IPTV.

IPTV e a pirataria

A tecnologia de transmitir dados de TV pela internet, é uma evolução natural dos antigos modelos, e segue a tendência de outros setores de comunicação que estão migrando para o digital. O conceito em larga escala ainda está dando seus primeiros passos ao grande o público, e já conta com um inimigo poderoso, a pirataria.

A IPTV em si não é pirataria, mas abre margem para isso. Se o conteúdo for transmitido sem a prévia autorização da emissora ou produtora se enquadra em pirataria. Por exemplo, se você possui um plano de TV por assinatura e disponibiliza seu sinal por IPTV é ilegal, pois o contrato provavelmente possui uma cláusula de proteção de direitos autorais, limitando para uso doméstico. O IPTV só é legalizado quando existe um acordo entre ambas as partes para o envio dos dados.

É comum vermos no comércio de varejo a venda de aparelhos que prometem desbloquear sinais de TV a cabo, liberando uma vasta lista de canais. Essas caixinhas funcionam por IPTV e se conectam a um servidor montado exclusivamente para isso, que possui os dados dos canais fechados. Empresas ou indivíduos assinam um plano de TV a cabo e montam estruturas para transmiti-lo por meio do IPTV até essas caixinhas, muitos ainda cobram uma mensalidade dos usuários pelo suporte ilegal.

Como a maioria dos novos aparelhos de televisão possui a tecnologia Smart, ou seja, possuem um sistema operacional interno que permite o acesso a internet, aplicativos e até mesmo redes sociais. Já não se faz mais necessário o uso dessas caixinhas, tudo pode ser feito por meio de um aplicativo instalado na própria televisão. Em resumo essas pessoas tiram proveito da tecnologia para transmitir conteúdo de terceiros e ainda faturar com isso.

Essa pirataria é muito prejudicial para o ramo, para um conteúdo ser produzido, seja filme, série ou programa, existe toda uma cadeia de desenvolvimento, uma indústria que depende do dinheiro das assinaturas para continuar produzindo materiais de qualidade. Aquela série que você mais gosta por exemplo, existe um roteirista, um diretor, elenco e toda a produção envolvida que ganha a vida com isso, se alguém faz uso do que é produzido e não gera receita é menos dinheiro para a produtora pagar esse pessoal todo, o que enfraquece o mercado.

O futuro da TV está na internet, empresas como Disney, Amazon, HBO e a própria Netflix irão disputar esse novo modelo de transmissão via on-demand. Com um perfil de consumidores cada vez mais exigente, pois existe uma diversidade enorme de conteúdos disponíveis, as empresas de TV a cabo ainda ficam presas no antigo modelo de consumo, e podem utilizar do IPTV se feito de forma legal, para se manter ativas no mercado.